... E ela então perguntou, "Você me ama?" - Ele respondeu que sim, "Te amo com todas as minhas forças". O problema é que nem ela nem ele sabiam que suas forças já não eram mais tantas... E que o amor dos dois estava por um fio.
Os minutos de vida dele estavam contados, todo o sacrifício que fizeram, todas as lágrimas que derramaram, as noites perdidas de sono, e a saudade que sustentaram um do outro, de nada adiantaram.
O mundo continuava a girar lá fora, o trânsito era um caos, as pessoas ainda estavam andando nas calçadas com suas cabeças vazias e suas sacolas cheias nas mãos. O relógio também continuava a trabalhar normalmente. E era aquele tic-tac infernal. Ela não aguentava mais aquilo.
Os olhos dele estavam serenos, apesar de todo aquele caos, ele respirava tranquilamente, enquanto o mundo dela estava para desabar.
"Como você pode estar tão calmo?"- Ela perguntava com tremenda indignação. Ele respondeu com um sorriso meio torto nos lábios.
Sim, o mundo dela estava chegando ao seu fim, enquanto o dele estava apenas começando.
Naquela cama de hospital, ele estava deitado e ela estava ao seu lado, segurando sua mão.
Ele não estava mais apertando a mão dela com tanta força, e ela mal conseguia olhá-lo nos olhos.
Numa fração de segundos, os olhos dele estavam fechados, e suas veias pararam de pulsar.
Pessoas de branco para lá e para cá. Ela não sabia o que fazer, na verdade, ela não podia fazer nada, apenas aprender a cuidar de si mesma dali pra frente.
Muros de concreto desmoronaram sobre a cabeça dela , apesar de estar tudo intacto da porta pra fora do hospital, o mundo dela acabara de ter chegado ao seu fim, o caos era tanto que a cabeça dela parecia que ia explodir.
"Pra onde será que ele foi?"- ela se perguntava. Mas o que mais a indagava, é para onde ela iria agora, em que abrigo ela iria se instalar, a quem ela iria recorrer, se é que tinha alguém que pudesse fazer alguma coisa por ela.
A única coisa que ela via era a porta do quarto do hospital que a separava do mundo real da do seu mundo interno que acabara de extinguir-se. Ela só tinha uma opção naquela altura, que era passar por aquela porta e ir pra casa. "Amanhã será um novo dia!" - ela pensou. Talvez amanhã ela se sinta um pouco melhor, junte os pedaços e reconstrua um novo mundo. Ela só precisa de um lugar pra passar a noite.
"É muito egoísmo pra uma pessoa só!"- Pela primeira vez ela sente raiva, ele não podia ter partido sem ela. De repente, ela se vê orfã, sente-se sozinha e abandonada. Não tem nada que mude o que ela está sentindo agora, e pela primeira vez respirar dói...
Só ela sabe o quanto dói.
By: Karol
Nenhum comentário:
Postar um comentário